terça-feira, 30 de agosto de 2016

Em debate, a inventividade do corpo [im]perfeito: Virgínia Kastrup


Nossa palestrante do segundo dia de Jornada é a professora Virgínia Kastrup, com a temática "Corpo, Cognição e inventividade: produção de subjetividades". Virgínia possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1979), mestrado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1984), doutorado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997) e pós-doutorado no CNRS, Paris (2002) e CNAM, Paris (2010). Atualmente é Professora Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publica e dá pareceres nas revistas Psicologia e Sociedade, Revista do Departamento de Psicologia (UFF), Psicologia Ciência e Profissão, Psicologia em Estudo, Arquivos Brasileiros de Psicologia e Psicologia. Reflexão e Crítica, dentre outras. Publicou, entre outras obras, "A invenção de si e do mundo - uma introdução do tempo e do coletivo no estudo da cognição" (Editora Autêntica, 2007); Histórias de cegueiras (com Laura Pozzana, pela Editora CRV, 2016) e  organizou, entre outras coletâneas, "Movimentos micropolíticos em saúde, formação e reabilitação" (também pela CRV, 2016), Este último será relançado na Jornada.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Roberto Rabêllo: teatro e educação de jovens cegos

Nosso palestrante de abertura da VII Jornada de Educação Especial e Inclusão é o professor Roberto Sanches Rabêllo, licenciado em História (1977), bacharel em Artes Cênicas (1986), mestre em Educação (1992) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) em 2003.É professor aposentado da Faculdade de Educação da UFBA (Faced).

Atua nos grupos de pesquisa Educação Inclusiva e Necessidades Educacionais Especiais (GEINE), que analisa a implementação das práticas inclusivas no contexto escolar e social e Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Ludicidade (GEPEL), o qual tem como objetivo desenvolver estudos e pesquisas sobre a subárea da Educação e Ludicidade.

Roberto Rabêllo publicou em 2011 pela Editora da UFBA o livro "Teatro educação: uma experiência com jovens cegos", resultado da vivência do autor com o Grupo de Teatro Renascer do Instituto de Cegos da Bahia (ICB). O autor relaciona a deficiência visual ao teatro-educação e defende que os problemas enfrentados pelos deficientes visuais podem ser minimizados por meio do teatro como fator de transformação.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A arte o o corpo [im]perfeito

A presença efetiva das pessoas em situação de deficiência em nossas escolas e universidades exige a criação de espaços comunicativos, a superação de barreiras, a consciência dos preconceitos e a luta contra eles, esforços que devem se refletir na produção coletiva de uma política consistente de inclusão escolar; as Jornadas se propõem a ser um dos momentos em que, ano após ano, são analisados e debatidos os eixos e princípios dessa possibilidade. Múltiplo e diverso por definição, o campo da educação especial precisa atentar para as especificidades, sem perder de vista os campos maiores em que está imbricado. Alguns campos. No entanto, tendem a ficar em segundo plano: é o caso da arte, pouco debatida quando se fala de deficiência. Talvez isso se ampare nas idealizações relativas à perfeição corporal e intelectual. Diniz (2007) lembra-nos Borges que, sendo um escritor cego, interpreta sua cegueira como “um estilo de vida”. Entendida por muitos como ferramenta para a superação de limitações, para outros a arte pode ser a forma de expressão de uma corporeidade tal como ela se apresenta. Venturini (2013, p.1) afirma que
A experiência estética não se define pelo objeto ao qual ela corresponde, uma obra de arte, por exemplo, nem pelo traço especial da beleza [...] A experiência estética é caracterizada por certa qualidade da sensação e está mais próxima do estranhamento e da problematização do que da mera experiência de reconhecimento. Ela afeta, espanta, faz pensar, mobiliza, surpreende, e provoca uma suspensão na maneira habitual de perceber e viver.
Problematizar-se como corpo implica, acreditamos, problematizar também o mundo que rotula esse corpo como imperfeito. É por essa razão que, na VII Jornada, trazemos a temática da arte como eixo para debater o corpo e suas idealizações. As muitas possibilidades do corpo que escapa a tais idealizações pela presença da lesão e se reconfigura como inteiro pela expressão artística serão aqui debatidas, em sua potencialidade pedagógica, do sujeito de direitos, da pessoa plena.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A Jornada e suas muitas histórias

A Jornada de Educação Especial e Inclusão tem sido o momento de culminância das atividades de ensino, pesquisa e extensão do Grupo de Pesquisas em Dinâmicas Socioeducacionais e Diversidade, articulando as ações de várias faculdades da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Tendo se iniciado com o desafio de incorporar as ações da educação básica e da universidade no campo da inclusão, ainda como um grupo de pesquisa de educação especial, o GEDPPD diversificou e ampliou suas ações ao se juntar ao Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e Sociedade (PDTSA). Passou a traduzir suas ações em educação especial a partir da lógica do direito à educação, assim como a enfocar a deficiência como produção cultural, parte das dinâmicas sociais e educacionais de uma sociedade desigual. Num contexto global em que a formação docente ganha laivos de treinamento e perde as características de experiência crítica, questionar os projetos que situam a deficiência no corpo do sujeito, colocar em debate sua formação como busca de superação de uma suposta incapacidade, assim como a formação de seus formadores como instrução se torna uma tarefa urgente para os professores e pesquisadores do campo da educação especial.
Na região sul e sudeste do Pará que hoje conta com a presença da Unifesspa, criada em 2013, essa iniciativa tem a função de ampliar essa discussão para além do espaço acadêmico, envolvendo professores da rede pública e privada, gestores, graduandos das várias licenciaturas, profissionais do atendimento educacional especializado, entidades e organizações de pessoas com deficiência.
A Jornada serviu de locus para o debate da educação especial e inclusão, desde 2007 quando teve sua primeira edição. Nesse evento, realizamos um resgate histórico das experiências de educação especial em Marabá e região; a II Jornada, em 2008, debatemos formação de professores, deficiência e preconceito. Na terceira Jornada, em 2009, debatemos a inclusão da criança surda: na III, em 2010, voltamos a debater formação de professores e gestores, na quarta versão do evento. A partir daí, em função da amplitude que o evento foi ganhando, o evento tornou-se bianual e passou a contar com financiamento da CAPES. Isso teve relação também com a ampliação das ações de pesquisa, que foram coordenadas com a Rede Educação Inclusiva na Amazônia e com o Observatório Nacional de Educação Especial, do qual participamos até 2015. A V Jornada, em 2012, debateu a relação entre as políticas públicas e a histórias das professoras nelas envolvidas, refletindo o projeto de pesquisa do GEDPPD que gerou o livro “As histórias de todas e de cada uma” (publicado em 2014 pela Editora CRV), com o apoio da Secretaria Municipal de Educação; a VI Jornada, em 2012 , sob o título “Olhando a educação como um direito: deficiência, inclusão e diversidade”, foram debatidas as relações entre o direito à educação geralmente negado às minorias e o movimento inclusivo. Esta última também gerou um livro com o mesmo título, publicado em 2015 pela Editora Paka Tatu (Belém).
Esses encontros tiveram, em média, 250 participantes, envolvendo todos os profissionais da área, mas com foco nos professores da rede pública e na produção científica e técnica. O GEDPPD tem avançado, em trabalho conjunto com a Rede de Pesquisa Educação Inclusiva na Amazônia Oriental, na análise das práticas que foram sendo construídas nas escolas, no atendimento educacional especializado, assim como das políticas locais e gerais. Esse esforço gerou vários capítulos de livros e artigos publicados em importantes revistas brasileiras, como a Revista Educação e Sociedade (ANJOS et al., 2013) e a Revista Brasileira de Educação (ANJOS, 2015).