quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A arte o o corpo [im]perfeito

A presença efetiva das pessoas em situação de deficiência em nossas escolas e universidades exige a criação de espaços comunicativos, a superação de barreiras, a consciência dos preconceitos e a luta contra eles, esforços que devem se refletir na produção coletiva de uma política consistente de inclusão escolar; as Jornadas se propõem a ser um dos momentos em que, ano após ano, são analisados e debatidos os eixos e princípios dessa possibilidade. Múltiplo e diverso por definição, o campo da educação especial precisa atentar para as especificidades, sem perder de vista os campos maiores em que está imbricado. Alguns campos. No entanto, tendem a ficar em segundo plano: é o caso da arte, pouco debatida quando se fala de deficiência. Talvez isso se ampare nas idealizações relativas à perfeição corporal e intelectual. Diniz (2007) lembra-nos Borges que, sendo um escritor cego, interpreta sua cegueira como “um estilo de vida”. Entendida por muitos como ferramenta para a superação de limitações, para outros a arte pode ser a forma de expressão de uma corporeidade tal como ela se apresenta. Venturini (2013, p.1) afirma que
A experiência estética não se define pelo objeto ao qual ela corresponde, uma obra de arte, por exemplo, nem pelo traço especial da beleza [...] A experiência estética é caracterizada por certa qualidade da sensação e está mais próxima do estranhamento e da problematização do que da mera experiência de reconhecimento. Ela afeta, espanta, faz pensar, mobiliza, surpreende, e provoca uma suspensão na maneira habitual de perceber e viver.
Problematizar-se como corpo implica, acreditamos, problematizar também o mundo que rotula esse corpo como imperfeito. É por essa razão que, na VII Jornada, trazemos a temática da arte como eixo para debater o corpo e suas idealizações. As muitas possibilidades do corpo que escapa a tais idealizações pela presença da lesão e se reconfigura como inteiro pela expressão artística serão aqui debatidas, em sua potencialidade pedagógica, do sujeito de direitos, da pessoa plena.

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